segunda-feira, 26 de julho de 2010

Pessoa certa

Sabe quando a mulher diz o oposto do que quer? Era só eu dar um apertão mais afincado naquela parte interna da coxa pra ela me sair com aquela clássica. Não vai escrever sobre isso, hein? Hein? Hein? Vai, né? Eu sei que vai. Não vou, pessoa certa. Não vou, eu pensava enquanto meu sorriso amarelecia concordante, com o indicador e o polegar naquele movimento tipo “saquei a piada”. Escritor, nós aqui, pessoa certa, apertão na virilha, escreve sobre isso. Saquei, saquei. Rá-rá. Ai, ai, pois é. Não vou. Coisa chata.
Eu havia certamente encontrado a pessoa certa depois de me debater durante uns três invernos e uns dois verãos. Com eu sabia? Eu não tinha nenhuma vontade de escrever sobre. Pessoa certa, quilos a mais, texto a menos. A formatura que sempre acreditei. Meu indicador de felicidade interna bruta. Coisa chata.
Não tinha erro, era a pessoa certa. Quando dava dez da noite, o telefone tocava melecadamente. Voz doce e paciente. Não tinha erro. Pessoa tão certa que nem parecia uma mulher, era uma nora feita já. Bem resolvida, bem sucedida, de bem com o corpo e com a mente e com a vida, mantinha o ciúme, as angustias, os nhê-nhê-nhê em cativeiro. Sabe gente de tão redondinha chega a ser chata? Assim, geometricamente paradoxal mesmo. Gorda? Que nada. A pessoa certa pra mim e pra vender adoçante na tevê. Essa ultima frase eu disse uma vez e prometi também não publica.
E quando resolveu me dar? Na condição de que eu não escrevesse sobre o fato uma vez consumado. Por quê? O que vai rolar fora do lugar? Nada, ué. Só sexo. Aquela coisa, torce, retorce, rola daqui, pega dali, conchinha pra um lado, um minuto, conchinha pro outro, outro minuto. Nem um tapa na cara salto durante o sexo, um pronome depreciativo. Tipo “sua puta, desgraçada, gosta de ser traçada, né?” Que isso, pessoa certa, educada por irmãs carmelitas, o que vão pensar? Deixa esses jargões do cais pra suas negas, meu bem. Até “negas” ela me deixaria ter. Perfeita. Coisa chata.
Nem um errinho de nada. Então escrever sobre o que, criatura de deus? Me diz. Como escrever sem vírgulas ou pontos de interrogação? Me diz. Nem um ódiozinho? Sim. Mas não aquele de cor avermelhada, que dá pano pra manga. Apimenta texto e a relação. Um ódio transparente, franco, sincero. Não uma máscara de uma infindável fonte de amor, sexo e minúcias sórdidas. Odeio mesmo. Uma raiva. Como levantar segunda-feira, sabe? Perto dela, toda hora era o desperta de uma segunda-feira. Dá uma pitoquinha aqui. Mas não escreve sobre isso, tá? Não vou, mulher, não vou! Eu não faria isso com minha carreira.
Estamos sempre atrás da pessoa certa, aquela de novela das oito, loucos pra tomar água-de-coco com vista pro mar. Assim como na tevê, existem milhares de pessoas certas, não se engane, anda chegará o infortúnio de encontra a sua. Prepare-se dia de absoluto fastio. O signo certo. Fala as coisas certas. Com as atitudes certas. Usa pijama pra dormi, como frango a passarinho de garfo e faca, não pula carnaval, gosta de Cecília Meirelles e fala “belíssimo” e nunca “horrores”. Tudo no lugar, dentro do contexto.
E o pior: a pessoa certa sempre chega na hora certa, sabe que é a pessoa certa, encaixa em nossos planos e traz consigo toda aquela felicidade que chega pra ficar. Principalmente quando achamos que é daquilo tudo que precisamos. Mas o mundo é incerto e estranhamente a pessoa errada sempre funciona melhor. Para todo mundo é assim, o que dirá pra quem vive de historias. Escritores, pessoas certas, linhas tortas, quando não vazias. 

sábado, 24 de julho de 2010

Mulher única, única mulher

Sair com três garotas por semana é bom. Levar uma mulher casada pro quarto é ótimo. Ter uma psicopata em cima da arvore te espiando com binóculos e bacana. Conquistar várias meninas é fantástico. Mas fazer uma mulher se sentir única e especial é o apogeu. É estar nas olimpíadas e ouvir do pódio o tema da vitória. É receber o Oscar das mãos de Morgan Freeman e manda um beijo pra mãe.
E levar a garota ao Nx Zero você nem precisa incorpora um “emo”, basta tornar o momento raro como um eclipse total.  Anote os ingredientes: quatro paredes, cama de casal, aparelho de DVD, sorvete de flocos, coca-cola, edredom, ar-condicionado e uma janela que permita a entrada de alguns raios do escaldante sol de uma tarde de sábado. Normalmente, grandes senas de amor se passam em aeroportos, numa pista de dança vazia ou numa casinha de sapé. Mas cabe a você fazer daquele quarto o único lugar da terra em pleno armagedon.
No DVD, Julia Roberts e Dermot Mulroney dão o tom.a cem centímetros dali , na cama, você a envolve em seus braços e puxo o corpo junto ao seu, a popular conchinha. Durante a sessão de cinema, você se concentrará na beleza daquela orelha e mais nada. Com seu nariz fará movimentos circulares no rosto dela, se limitando apenas a inalar aquele perfume de jasmim que ela tem. Seus pés friccionam levemente nos dela, o maior vestígio de intimidade que pode haver.
Fim de filme. Ela vai tentar esconder o chora e isso levará a tira sarro dela. Neste momento estará declarada uma inesperada guerra de cócegas tão “parelha” que terminará com seu corpo em cima dela. Ofegante e vencida, ela vai ter olhar com os olhos sedentos por um beijo diferente. É quando você a lambe o nariz! Com mistura de nojo e risos, a guerra terá nova batalha. Desta vez com travesseiros. A bandeira branca será hasteada no momento em que você começar aquela massagem quase trântrica naqueles belos pés alvos. A paz será restaurada lentamente, dedo por dedo.
Pelos mesmos pés, usando lábio e um olhar furtivo nos olhos da gata, você iniciara um tour pela geografia dela e com um teor terno e carinhoso, cantarolando “fonte da saudade”, de Kleiton & Kledir. Bem devagar, com a paciência de um aposentado na fila do INSS, percorre toda aquela anatomia como se fosse o primeiro joelho que tu beija o primeiro umbigo que tu chupa e os únicos seios que tu já roçaste a barba por fazer. Ao alinhar seu corpo ao dela, vocês serão iguais, gêmeos, dentes com dentes, olhos com olhos.
Apenas com a íris, ela vai dizer “eu nunca me senti tão amada por alguém”. E você vai responder com a boca: “eu sei, linda, eu sei”. E o quarto que parecia tão pequeno, não terá mais fim. 

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Memórias póstumas de um coração partido

Dizem por aí que você terá 85% a mais de chances de ser feliz conjugalmente apartir do seu terceiro namoro. Se alguém já chegou lá, por gentileza diga  se é verdade. Mas como adentrar em um novo relacionamento sem carregar as agruras e frustrações do passado?
Talvez o Willian possa nos ajudar. Sim, o Sheakespeare. Quando ele resolve não escrever complicado agente capta. Sua citação mais simbólica diz assim: “Não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte”. Impecável.
Mas o problema está tão longe de ser resolvido quanto a pátria dos curdos. Se frases de efeito fossem usadas como mantras, todos seriam felizes e o tédio da humanidade causaria um novo Big Bang. Pelo menos temos o norte.
Quando amamos pela primeira vez estamos mais verdes que um pé de radite. O primeiro sempre parece ser o único e fica difícil imaginar outros peixes no oceano. Até descobrimos que nadar no mar de rosas espeta. E muito. Um menu de inexperiência oferece ciúmes, controle, prisão, inocência e insegurança. Pratos que ainda não experimentamos e não sabemos como engolir. Nada de anormal.
Agora sim. O segundo amor é um mar de pétalas. Aprendemos a desprender a parte mais bela das rosas do seu caule, pois é este que nos arranha. Será tão simples ser feliz como acerta na Dupla Sena. Sorte no jogo e azar no amor. A segunda grande paixão acontece na idade ideal para se descobri a infidelidade, traição, libertinagem e o apego aos bens matérias.
Então o que sobrará para o terceiro? Traumas irrecuperáveis, doenças emocionais e medo patológico? Por isso evitamos tanto gostar? Humildemente opinando, acho muito cedo para preservar tanta escuridão dentro de um coração aos vinte e poucos anos. Então dou razão a William. Plante seu jardim e decore sua alma, pois o beija-flor só pousa nas que exalam perfume, tenha ela espinho ou não.
Permita-me recomendar: sofra muito antes do próximo amor para reconhecer-lhe como um porto, que vai abrigar e colar os cacos  do seu coração partido com Durex. Não vai fica exatamente igual, entretanto podia ser pior.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Tudo que meu pai não soube ser

Lembro bem do dia que comecei a perde a inocência que ainda hoje insisto em resgatar. Não esqueço a cena, o mesmo pai que me ensinou a nunca mentir rechaçando dois anos infidelidade sentado na escada com meio cigarro entre os dedos trêmulos. Você sentada na ponta do sofá, desabafada, com mania feminina de sempre se culpar. Naquele dia eu chorei e prometi em segredo não repetir a façanha, ser um cara melhor, o que, convenhamos, não parecia tão árduo.
Mesmo com trauma de infância dentro do meu corpo pequeno, sem entender por que todos os pais eram divorciados menos os meus, vou morar com aquela que ainda chamo de “mor” com alegria. Não foi doce imaginar a chegada desse dia. Mais chegou, mãe. Enfim, à hora de retribuir uma gota de todo o oceano que você fez por mim com uma outra mulher. Longe da barra das suas saias primaveris, sendo para uma garota tudo que o meu pai não soube ser contigo.
Não sei o que me espera lá fora, talvez em meses o mundo, o cotidiano a dois, um apartamento pequeno me engula de arrependimento, mais é justo por não saber que estou indo embora. Eu sou teimoso, mãe, bem sabes. Não vou sossegar enquanto não poder gritar janela a fora que ser homem é muito mais que ficar estancado no sofá com cara de bunda enfiado num jornal de ontem.
Deixo um imundo par de meias recém chegado do futebol estrategicamente esticado no chão do banheiro,  para seu ultimo deleite de exasperação. Será seu derradeiro sermão, tarefa agora de incumbência da namorada que você apreendeu a amar goela baixo, como todas as outras que lembro ter trazido pra jantar em sábados a noite.
Na lembrança, seu café passado, seu cuidado, minha opinião sobre suas sempre impecáveis combinações de roupa, sua aflição diante do meu silencio de menino criado mudo. Obrigado por não enfeitar meu caminho, não encher meus olhos de fantasias e não compactuar com a herança que me caberia, não fosse eu um desertor nato: de que as mentiras são a bengalas do amor.
É o dia da mudança. É o “vai-ou-racha”. Provavelmente nunca vou saber se será melhor assim. Mais preciso saber de uma vez por todas se é mesmo impraticável dividir suíte, tirar o lixo pra rua, passear com o cachorro, fazer supermercado e, ao mesmo tempo, sorrir, contar sobre o trabalho, fazer piadas e desejar todos os dias a mesma mulher, no carpete, na frente do Willian Bonner, às oito da noite de uma quarta-feira qualquer, pra desespero dos vizinhos.
Mãe, eu preciso saber. Preciso crer que tenho sorte.preciso provar que sou mais homem do que me ensinaram a ser. E se nada for do jeito que imagino, guarde um sonho fresquinho pra mim ou pelo menos aquela bendita força que você sempre mostrou. Pretendo usá-la para nunca dar meu braço a torcer.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Bate na minha cara

Sua chatice era um oportuno álibi para errar novamente. Seus gritos, lamentos no vácuo. Tristezas varridas para baixo do tapete.
Nenhuma novidade até ai. Relacionamentos terminam lastimavelmente a cada cinco minutos só na nossa rua. Uns com choro, outros com âue, outros com partilha, outros com emoticons. Ao contrario de como todos esses casais fúnebres justificam seus erros, o amor não acaba. Ele é calmamente carcomido por cada pequena repressão. Ele não tem fim, morre apenas.
Todo “fim” é uma sucessão de erros mal digeridos, protagonizados pela língua que profere durezas, ao invés de cumprir seu único papel no namoro. Lamber o agridoce do outro ao amanhecer. O amor termina por onde começa. Pela boca. Esse é o único e maior erro de um parceiro. Falar o que realmente não importa, abrindo feridas irresilientes e caminhos sem volta. A palavra “desdizer” nem precisava existir. Temos dito. Ela é indigente dentro do dicionário. Não se erra buscando acertar. Se erra. Se perde. Se diz. Se engana. Se reprime.
Eu errei. Não devia ter seguido tais faróis, às três da manhã. Não devias ter ajoelhado aos frescos engates daquela outra garota. Errei em acoberta esse sintoma. Errei em admitir isso tanto tempo depois, jogando frustrações na sua cara, dando vazão ao possível fracasso dessa relação.
Errei quando compactei com o silencio no corredor, entre a cama e a tevê da sala. Errei quando rompi comigo mesmo, quando não tive força e coragem de viver meus loucos desejos contigo, conforme previsto e combinado. Errei, errei, errei. Nunca tentado acertar. Sempre que erro, aprendo a errar melhor.
Porem, seu choro escondido nunca me intimidou. Também, eu nunca o soube. Seus desabafos com as amigas do salão, do trabalho, da aula não me servem de castigo. Eu nunca os tive acesso. Suas frases de protesto, sempre desconexas e despropositadas jamais me impediram de errar, trair, judiar, reprimir. Pelo contrario, sua chatice era um oportuno álibi para errar novamente, sem culpa. Seus gritos, lamentos no vácuo. Tristezas varridas pra baixo do tapete. Nenhum choro, discussão, silêncio ou retaliação me fez retroceder, repensar, penar. São meros avais pro meu comportamento.
Se houver uma outra oportunidade, meu bem, diante de um erro meu, acerte. Minha cara. Forte, com um tapa de novela, sem medo de errar, com vontade de acertar. Pense na dor que causei. Na minha cara de otário. Materialize sua frustração. Dê vida a sua morte. Sem fúria, sem conseqüências, sem som além do estampido. Na ponta dos pés. Olhando nos meus olhos. Um tapa seco. Um tapa sincero. Um tapa definitivo. Se amor é demonstrado fisicamente, cabe o desdém fazer o mesmo.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Perguntas sem respostas

Bom como vou começar esse texto? Que tal era uma vez? não né. ta então vamos lá. Era uma vez. Ta parei. A aula o que faz uma pessoa depois de quatro anos parado voltar a estudar? Vontade de apreender, adquirir mais conhecimento, sinceramente eu não sei.
Hoje faz uma semana que voltei a estudar no caminho de casa para a aula, vim observando varias coisas, mendigos, crianças, pessoas saindo do trabalho outras como eu indo estudar, o que faz uma pessoa larga tudo? Para de estuda para começar a trabalha? A dificuldade, a necessidade de dinheiro, provavelmente sim.
Entrei na aula e continuei com a pergunta que não existia resposta ainda. O que fez eu voltar a estuda? Passei minha aula de historia todo tentando responder, e não consegui.
Ah, a segunda aula, biologia, para que usamos a biologia na nossa vida? Esta resposta eu sei para nada, pelo menos na minha vida para nada. Mas ai veio o intervalo e com o intervalo a resposta, eu voltei a estuda querendo melhora de vida, não que eu esteja mal de vida, porem, todo mundo quer melhorar, é esse foi o motivo que fez eu voltar a estuda.
Ultima aula geografia, como é bom estuda mapas, teorias populacionais, e outras coisas, mais com a ultima aula veio mais e mais perguntas, quando pensei que realmente poderia prestar atenção na aula, veio à pergunta chave. O que fazem as pessoas desistir dos seus sonhos? Como pode eu ser tão diferente de muitos, o que faz eu nunca desistir do que quero, enquanto algumas pessoas nem tentam. A poucos dias atrás eu estava tentando coloca esse meu pensamento na cabeça de uma pessoa muito importante para mim, e acho que consegui realmente passa a importância de lutar pelo o que se quer, de não desistir.
Mais se a vida é isso, viver lutando, enfrentando obstáculos, surgindo a cada dia perguntas sem resposta, que com o tempo temos que responder, elas estão ai para nós torna cada vez mais forte, e entender o significado da vida.

O texto que não aconteceu

O cara ligou para ela após deixá-la na porta, desajeitada, dizendo que lia sua vontade de beijá-lo nas mãos inquietas.
No dia seguinte ficou sabendo que o cara escrevia. Merda. Pior, que escrevia sobre relacionamentos, amores possíveis e, drogas, sobre sexo até. Tragédia parece que lá no blogzinho discorria sobre suas peripécias amorosas, tanto as triviais quanto as de derramar o leite, lagrimas ou dois dedos de wisk com uma pedra de gelo. Amanha ou em dois dias, três no máximo, saberia o que ele achou do dia que o dividiram, da sua mania de cumprimentar com as mãos os vira-latas perdidos na rua, do tamanho do seu pé.
Ligou o computador, digitou o endereço repassado pelas as amigas e deu de cara com um texto sobre alguém que, irrevogavelmente, não era ela. Ela não era baixinha, nem morena e nunca alguém a disse ter olhos com sabor igual de pitangas colhidas na infância, nas ruas arborizadas da vila. Seu dia nublou, rabiscou oito vezes que homens são todos iguais nas costas de uma conta de luz, desejou ser morena pela a primeira vez na vida, jurou embargo ao pênis, arrancou fora, à unha cítrica, o F5.
Tudo bem que o cara ligou pra ela. Autentico, no mesmo dia ainda, após deixá-la na porta de casa, desajeitada, dizendo que lia a sua vontade de beijá-lo nas mãos inquietas, no calor da nuca, mas que sabia esperar. Tudo no maior estilo conquistador fajuto, cujo maxilar não vê uma lamina faz uma semana. Mas pô, cadê o texto? Será que deu pau na memória do computador? A mãe dele jogou fora seu rascunho? Foi picado por uma sucuri no centro de Pelotas? Por que dezenas de mocréias mereciam engenhosos escritos românticos e ela não?
Em casa chorou um tantinho de nada, fungou, limpou as lagrimas na manga do seu moletom do Pernalonga, ninguém havia por perto mesmo. Ligou para lancheria da esquina e pediu um x-tudo para combinar com o sorvete de creme esquecido no freezer, que não imaginava precisá-lo tão cedo, que diria vinte e quatro horas depois. Confeccionou um rado-de-cavalo, catou um cd dos mais vendidos da Alicia Keys e a campainha tocou. Era o tio de lancheria, decerto.
Era o tio da lancheria, “vinte reais, moça”. Oportunista, de carona na porta escancarada, afobado, com a cara lavada aparentando sujeira na barba quase paleolítica, apareceu ele, o cara-de-pau, safado, mentiroso, escritor de araque. Veio com um papo barato de que não escreve sobre as mulheres reais da sua vida, que suas historias são contracenadas por seres imaginários. Desconversou com um beijo roubado, afirmou que nunca havia confundido lábio de mulher com uma onda do mar e que, caramba, gostava dela.
Ela sentiu raiva por sorrir e achar  bonitinho tudo que ele falava. E assim como num texto, de uma linha para outra, a historia mudou totalmente de rota. E o x-tudo e o sorvete de creme derretendo por cima, que apaziguaria o coração de um, saciou o prazer de dois. 

domingo, 18 de julho de 2010

Seja homem, pare de ligar

Não a homem rompedor de laços que não verse automaticamente em calhorda, patife, canalha, pelintra. É a sina nossa.
Alguém precisar executar o árduo trabalho de defender o homem, o vulgo cafajeste. A palavra “homem”, eufemismo pleonasmo para calhorda, patife, canalha, pelintra  e todos esses adjetivos que elas ouvem nas novelas, são usados na designação de toda aquela  cujo único defeito é não ter aprovado logo após provar.
Como a tarefa e praticamente impossível (já posso ouvir os mo chochos), vou usar a fabula. Vamos a fabula por mim mesmo construída. É sapato. E mulheres. E homens também. E sobre prova antes de sair desfilando com eles por ai, em shoppings, jantares na casa do chefe, na lancheria da esquina, no aniversário do seu priminho e avenidas.
Quantos pares de sapatos têm um exemplar másculo durante a vida? Vinte no máximo. Homens escolhem bem seus pisantes, provam dez vezes antes de passar no caixa. Se ele sai na sacolinha de braço dado com o homem, era então o sapato certo. É o homem que escolhe o sapato. E o ama, pro resto da vida, até que a sola desgrudando os separe. Os homens são muito mais fieis. 
Passe perto da uma loja de sapatos feminina. Olhe a moça do caixa escancarada pelo o chão limpando o suor com a manga e arrependida do "posso ajudar?". Ninguém pode mocinha. É o sapato que escolhe a mulher. Ela tem 51 modelos da mesma cor, todos pendurados numa sacola do lado de fora do apartamento, todos com parcelas a vencer a cada dia 10. Mas elas levam, não tem jeito.
Sim, é esculpidamente igual àquele modelo de 2003, mas esse ta na moda sabe? lá saem elas com o milésimo calçado a ser usado no chá de frauda da sobrinha antes de cair no ostracismo. Elas não amam o sapato, amam a impossibilidade de possuí-lo. Por isso o compram, pra provar que são capazes de te-los, que são amicíssimas do Alexandre "sei lá o que", que são bem quistas pelo o sapato. Irrefutável prova: você não ouvirá de um homem "sabe, cara, esse sapato levantou minha autoestima". Não, sapatos são sapatos para homens. 
Moral da fábula: Se uma mulher não consegue compra um sapato novo (caro, obviamente) sabe pena de almoçar no sopão dos pobres até o fim do semestre, este sapato é automaticamente feio, bobo e chato. É cafajeste. Captou amigo? Por mais sincero, honesto e articulado que você seja jamais saíra louvado de um tico-tico no fubá. Os homens têm todos os direitos sabidos, menos o de não gostar.
Poxa vida, dizem que homem verdadeiro liga, chama pra uma café e a faz chora em publico depois de dizer que o problema é ela e a quantidade de pó que passa no rosto. Não a homem rompedor de laços que não verse automaticamente em calhorda, patife, canalha, pelintra, É a sina nossa.
É por isso que nunca termino um casinho. Simplesmente desapareço. Assumo logo a responsabilidade pela a falência. É preciso ser muito homem pra nunca mais liga. Antes de eu ser taxado de cafajeste, que ela descobriu que seu papo me faz ter vontade de tocar uma daquelas vuvuzelas no meio da pizzaria. É ate altruísta da minha parte. O meio mais eficaz de abandonar uma mulher é ser abandonado por ela. Os sapatos que o digam. 

Diário de um solteiro


A vida de um solteiro e uma afamada aventura. Esse era meu discurso, meu lema, há um tempo atrás, antes de cair na rotina de não ter rotina.
Noite dessas, passei a noite bebendo, perdido por ai indo de festa a festa foi uma semana longa, a maioria das coisas que todo liga como crimes, drogas, vagabundagem e outras merdas sinceramente eu nen ligava.
Cheguei em casa tarde atordoada, me sentindo diferente igual a todo mundo, cantarolando alguma musica que não lembro mais, sei lá que altura da matina. Dou-me conta de ligar a tevê com uma fatia de bolo no colo e um copo de leite na mão, a solteirice é deveras uma peripécia. Passava um filme de ação com Steven Seagal desarmando imbecis de costa, à queima roupa, num falsificado salto moral.
Se livre é isso, uma aventura tosca, onde você enfrenta perigos, o desconhecido, o inusitado, maquiando suas falhas, pois nunca e violentado a pôr-las pra fora. Elementar, você nunca chega perto demais, lá onde ninguém é normal, sociável, cheiroso, tolerante ou civilizado.
Somo todos mini-stevens-seagals desferindo golpes de aikido no que realmente importa cada qual com seu rabicó de estimação. Infalíveis, boçais, brutos, rasos e repetitivos todos os dias., exceto nos domingos, quando nos ordenamos a enconder-se do faustão onde haja luz e serotonina, normalmente em praças cheios de casais bacanas caminhando lado a lado, com objetivos, regras e causas.
Ah, mais ser solteiro é deixa a vida surpreender! Que papo bonitinho. Para um poema de Cecília Meireles, do tempo que éramos sumariamente reprimidos. Agora estamos extravasando, tirando o atraso, respirando sexo, cavoucando intenções já no aperto de mão, sempre atrás de uma galinha para chocar os ovos.
È a vida de um solteiro é assim, mas, se é pra alimentar a razões de ser feliz, antes me apresente alguém feliz com qualquer razão.